A cirurgia que corrige o embaçamento visual causado pelo envelhecimento do cristalino, dando fim à catarata, evoluiu bastante nos últimos 30 anos. Os resultados são mais segurança e conforto aos pacientes. "A anestesia, que antes era geral, passou a ser local", afirma o diretor do Instituto de Moléstias Oculares (IMO), Virgilio Centurion. Segundo ele, os avanços não param por aí.
Ainda comparando a cirurgia de antigamente com a atual, Virgilio conta que a tecnologia usada é outra, resultando em baixos índices de efeitos colaterais. "A nova técnica permite que denominemos o procedimento de cirurgia refrativa da catarata, com recuperação quase imediata da visão", completa.
De acordo com o oftalmologista Daniel Moon Lee, do Instituto de Olhos e Microcirurgia de Brasília, há alguns anos, a cirurgia consistia na extração do cristalino opaco por meio de uma incisão grande. "Era preciso dar pontos no local e os olhos ficavam bastante frágeis depois do procedimento", diz. Hoje, o que acontece é a substituição do cristalino natural opaco pelo cristalino artificial transparente.
Os especialistas afirmam que a anestesia local garante um procedimento indolor, tanto durante, quanto no pós-operatório. Em alguns casos, apenas o colírio anestésico é suficiente para a cirurgia que leva, em média, 30 minutos para ser realizada. Na prática, o método chamado de facoemulsificação dissolve a catarata dentro do saco do cristalino e, em seguida, a lente intra-ocular é implantada.
"A recuperação visual varia de um indivíduo ao outro, mas, normalmente, a melhora é evidente nas primeiras 24 horas", afirma Virgilio Centurion. Durante esse período, o especialista avalia o paciente e prescreve colírios a fim de prevenir infecções e ajudar na cicatrização dos olhos.
Quando operar?
Como única forma de tratamento da doença, a cirurgia de catarata entra em cena sempre que o problema passa a comprometer a qualidade de vida do paciente, com a baixa da visão. O tratamento precoce torna a recuperação mais rápida, já que o trauma cirúrgico é menor. "Aguardar o amadurecimento da catarata é coisa do passado, pois a evolução pode ser lenta e assimétrica, levando a pessoa ao isolamento ou à depressão", alerta o oftalmologista do IMO.
A cirurgia de catarata implica em alguns riscos, variando conforme as condições do globo ocular, a técnica e tecnologia implantadas. Virgilio informa que problemas de córnea ou retina relacionados à própria catarata, por exemplo, podem comprometer o resultado final.
As chances de o método falhar, no entanto, são muito poucas. "Especialmente se um bom pré-operatório foi realizado, possibilitando a montagem de uma estratégia cirúrgica para casos diferentes", tranqüiliza o especialista. Virgilio conta ainda que problemas ou complicações inesperadas podem ocorrer, mas o comprometimento da visão é considerado raro. "Aproximadamente 97% das cirurgias ocorrem dentro do previsto", completa.
A grande maioria dos casos, segundo os dois oftalmologistas, apresenta ótimos resultados. Isso porque, além de proporcionar a recuperação da visão, a cirurgia de catarata corrige simultaneamente problemas, como miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia. "A melhora visual é tão relevante que, no dia seguinte da cirurgia, o paciente já retoma sua rotina", garante Daniel Moon Lee.
Quem já passou por algum tipo de cirurgia refrativa para corrigir problemas como miopia, astigmatismo ou hipermetropia pode se submeter à cirurgia de catarata sem problema algum. O único inconveniente é que a dificuldade em obter o grau correto da lente intra-ocular aumenta.
Sobre a recidiva da catarata, o oftalmologista afirma que as atuais técnicas cirúrgicas e lentes intra-oculares fazem com que a catarata jamais retorne, depois de removida . Porém, ele atenta a alguns detalhes. "Cirurgias mais antigas, com implantes de lentes de gerações anteriores às atuais, podem apresentar alterações nos resultados".
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